terça-feira, 22 de março de 2011

KGB: Guerra fria e suja


Os bastidores de uma disputa que reúne espionagem, corrupção e assassinatos em 90 anos de história dos serviços secretos soviéticos e da temida KGB

                                                                                                                                                                                    por Sérgio Miranda

Em 20 de agosto de 1940, o espanhol Ramón Mercader entrou em uma sala da casa de Leon Trotski, nos arredores da Cidade do México. Caminhou calmamente na direção do líder russo e acertou sua cabeça com uma picareta de alpinismo. Quando os guarda-costas partiram para cima de Mercader, ouviram o patrão gritar: "Não o matem! Esse homem tem uma história para contar". Trotski morreu no dia seguinte. Durante seu julgamento, o assassino testemunhou: "Pousei o casaco na mesa de forma a poder tirar a picareta que estava no bolso. Decidi não perder a grande oportunidade que surgiu. No momento em que Trotski começou a ler um artigo, deu-me a oportunidade: tirei a picareta do casaco, segurei-a firme na mão e, de olhos fechados, dei-lhe um golpe terrível na cabeça". Difícil acreditar que ele tenha dito isso nesses termos. Mas assim foi anotado pela Justiça mexicana e entrou para os anais da História. Embora tenha ocorrido no México e o assassino fosse nascido na Espanha, a ação tinha autoria clara: o NKVD, o serviço secreto da União Soviética. A entidade ainda não se chamava KGB, mas já dava mostras de sua capacidade de eliminar os inimigos do Estado soviético. Nas décadas seguintes, os espiões ampliariam o raio de ação: no lugar de resolver apenas questões internas, a KGB passaria a atuar em disputas diplomáticas, políticas, militares e econômicas de muitas outras nações, inimigas ou parceiras. O braço mais obscuro, eficiente e violento do regime comunista da URSS também mudaria os rumos do planeta durante a Guerra Fria.

O mais temido e famoso de todos os serviços secretos soviéticos começou a nascer ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Rapidamente, a celebração da vitória deu lugar a um racha entre os aliados. A Guerra Fria dividiu o mundo em dois blocos, liderados por americanos e soviéticos. Nesse novo ambiente, que de frio mesmo só levava o nome, a disputa era travada nos bastidores, na busca de informações sobre os inimigos, estivessem eles do outro lado do mundo ou atuando dentro de casa. As agências de espionagem, que sempre desempenharam papel importante nas estratégias de guerra e diplomacia, ganharam ainda mais destaque. Tudo o que faziam, e como faziam, servia para manter o outro lado sempre em dúvida sobre o próximo passo. Foi nesse ambiente tenso que emergiu para os ocidentais a figura emblemática do Comitê de Segurança do Estado (KGB, na sigla em russo, que aqui no Brasil costumamos flexionar no feminino: a KGB). Foi durante a Guerra Fria que as ações do serviço secreto se tornaram assunto recorrente no noticiário político ou nos filmes da Sessão da Tarde. O jogo de rato e rato entre as duas superpotências estimulou a modernização da agência, então chamada de Comissariado do Povo para Assuntos Internos (NKVD na sigla russa).

A interferência nas questões domésticas não era nova. Desde que chegaram ao poder, os comunistas sempre enfrentaram a ameaça e, às vezes, a tentativa direta de intervenção militar estrangeira. Britânicos e americanos patrocinaram os esforços de restauração do czar e as ações militares da revolta anticomunista detida por Lenin, em 1919, e armaram o Exército Branco, na guerra civil de 1921. O Estado soviético e o Partido Comunista se acostumaram, desde o nascimento, a reagir e atuar com o apoio de uma estrutura policial de segurança. Criado em 20 de dezembro de 1917 durante a revolução russa, a primeira dessas organizações foi o Comitê Contra Atos de Sabotagem e Contrarrevolução (Cheka), que existiu por quatro anos. Com a criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em 1922, o serviço secreto passou a se chamar Administração Política do Estado e ganhou a nova missão de investir contra os "inimigos do povo russo", geralmente todo aquele cidadão que ainda fizesse oposição ao regime, de qualquer natureza.

Nos anos 30, sob as ordens diretas do novo diretor, Josef Stalin, a instituição trocou mais uma vez de sigla e virou NKVD. Com ele, além das funções policiais e de segurança do Estado, alguns dos departamentos cuidavam de questões como transportes, forças armadas e a guarda das fronteiras. Quanto mais concentravam esse poder, mais Stalin e o NKVD notabilizavam-se pela perseguição, tortura e execução de adversários, mesmo entre os membros do Partido Comunista. A rede de informações serviu para as estratégias soviéticas durante a Segunda Guerra, embora ele tenha condenado à morte alguns de seus estrategistas em 1938 e 1939.

Vizinhos sob controle
Com o fim da Segunda Guerra e o breve período de aliança com os países ocidentais, os soviéticos se deram conta de duas coisas, uma boa e outra ruim. A boa: os antigos inimigos dos russos tinham perdido muito poder. A França e a Inglaterra não eram os mesmos impérios e a Alemanha saíra derrotada. A má notícia: o inimigo que sobrou, os Estados Unidos, estava muito mais forte e determinado a combater o comunismo. Ainda assim, em um dos primeiros duelos da Guerra Fria, os espiões soviéticos levaram a melhor.

Os americanos trabalhavam em total sigilo no desenvolvimento da bomba atômica. Ou, pelo menos, pensavam assim. Quando o presidente Harry Truman aproveitou a conferência de Postdam, em julho de 1945, para mencionar a Stalin a montagem da bomba, o ditador não se surpreendeu. A KGB o municiava com informações vindas de uma rede de espiões - incluindo o físico Klaus Fuchs, um alemão naturalizado inglês que teve um importante papel dentro do Projeto Manhattan, de preparação da bomba em Nova York, e quatro espiões infiltrados na Inglaterra (veja o quadro na pág. 34). Ao explodir seu primeiro artefato, em agosto de 1949, a União Soviética antecipou as previsões dos especialistas estrangeiros em, no mínimo, dez anos.

Uma vantagem da KGB era a centralização de poder. Enquanto os americanos mantinham uma agência de inteligência para assuntos externos, a CIA, e um escritório para investigações internas, o FBI, os soviéticos concentravam tudo nas mãos de um único órgão. Com a morte de Stalin, em 1953, Laurenti Beria, chefe do NKVD, tentou assumir o posto máximo. Acabou executado pelo Partido Comunista, que ordenou também a reformulação do serviço secreto. "A reforma que criou a KGB visava desde conciliar a manutenção do controle interno até criar uma política mais efetiva nas ações estratégicas, principalmente no campo das informações e inteligência, fora do território soviético", afirma Dmitry Trofimov, professor do Centro de Relações Internacionais da Universidade de Moscou. Segundo ele, a polarização militar global ficou evidente em 1955, com a criação da Otan e, em seguida, do Pacto de Varsóvia. "Uma das primeiras atribuições da KGB foi atuar dentro dos aparelhos dos Estados satélites do bloco socialista, não só junto aos serviços secretos, mas também imprensa e organizações de trabalhadores", diz Trofimov.

A presença da KGB nos países do bloco virou rotina. Em 1956, em meio a denúncias de violação dos direitos humanos de presos políticos, agentes soviéticos estavam por trás dos relatórios que deram suporte à invasão da Hungria por tanques do Pacto de Varsóvia. No mesmo ano, envolveram-se na violenta repressão contra um movimento reformista na Polônia. Em 1961, o aval da KGB foi decisivo para a iniciativa do governo da Alemanha Oriental de erguer o Muro de Berlim. Mais tarde, em 1968, a atuação do serviço soviético sufocaria as transformações políticas, sociais e econômicas propostas por intelectuais da Tchecoslováquia, no episódio conhecido como Primavera de Praga.

Nem tudo acabava em perseguição e morte, mas tudo era guerra e o lançamento, em 31 de dezembro de 1968, do avião supersônico Tupolev TU-144 foi uma tremenda vitória anotada no caderninho da KGB. Dois meses antes, espiões soviéticos tiveram acesso aos planos do Concorde francês e colocaram o protótipo no ar antes que o modelo capitalista ficasse pronto. Assim, em 5 de junho de 1969, o Tupolev se tornava a primeira aeronave comercial a ultrapassar a barreira do som.

Nem todas as ações da KGB eram secretas. Em 1972, cerca de 100 consultores militares soviéticos foram enviados ao Afeganistão para treinar as forças armadas locais. Em 1978, os dois países já assinavam o acordo que permitia o envio de outros 400 militares. Em dezembro do mesmo ano, mais um papel que garantia a amizade e a cooperação mútua. Em 1979, o Exército Vermelho invadiu o país. "O presidente Hafizullah Amin, considerado incapaz de resistir aos rebeldes que lutavam contra o regime comunista local, foi morto durante a tomada do palácio presidencial pelas tropas treinadas pelo KGB", diz Roger McDermott, professor da Universidade de Aberdeen e autor de Russia’s Security Agenda in Central Asia ("Agenda de segurança da Rússia na Ásia Central", inédito no Brasil). Durante os três primeiros anos de invasão, dois terços do exército regular afegão desertaram, facilitando que os mujahidin rebeldes controlassem 80% do país. Sem o apoio local, a invasão foi um fiasco. Em 1986, a ajuda militar estrangeira já havia equipado os rebeldes com armamento pesado, inclusive os mísseis que tiraram dos soviéticos o controle sobre o espaço aéreo. A operação começou a ser questionada dentro da própria URSS pelo alto custo - cerca de 3 bilhões de dólares por ano - e pelo resultado negativo, tanto do ponto de vista político como da propaganda comunista. Mais de 110 mil soldados lutaram; 5 mil morreram.

A queda

O episódio expôs as falhas estratégicas do Exército e da coordenação da KGB. Mas a preocupação naquele momento já era outra: o império socialista estava ruindo. O país não suportava mais os investimentos em armas, corrida espacial ou serviços de espionagem em detrimento do parque industrial atrasado e dos baixos níveis de produção. Moradores de Moscou enfrentavam filas por alimentos e produtos de higiene, enquanto o fornecimento de energia e água entrava em colapso. Para McDermott, quando o líder soviético Mikhail Gorbachev surpreendeu o mundo declarando uma moratória nuclear unilateral e, em 15 de fevereiro de 1989, retirou o último tanque do Afeganistão, ele abriu o processo que deu fim à KGB, ao menos nos moldes a que estava acostumada. A Glasnost prometia liberdade de expressão para a imprensa e transparência nas ações do governo. Mesmo apregoando que não seria necessário erradicar o sistema socialista, mas provocar uma reformulação, Gorbachev sofreu uma tentativa de golpe em agosto de 1991 e foi afastado do partido por membros da burocracia conservadora e da KGB. A ação foi sufocada pelo presidente da Rússia, principal república soviética, Boris Ieltsin. Convocando uma greve geral, Ieltsin obteve apoio de milhares de pessoas que acamparam em frente ao Parlamento. Mas, com a nação em frangalhos, Gorbachev renunciou à presidência e extinguiu a URSS, em 31 de dezembro. Oficialmente, a data encerra a KGB. Afinal, um regime que deixa de existir não tem mais inimigos.

A queda da KGB, porém, não marca o fim de uma estrutura de inteligência. Desde a era Gorbachev, quando os membros do serviço secreto perderam prestígio, agentes passaram a buscar meios de tirar vantagem de seus postos. Muitos começaram a vender artefatos de espionagem no mercado negro, inclusive na Europa e nos EUA. Mas o que sobressaiu mesmo foram a estrutura e a experiência da KGB, que, em uma época de incerteza política pós-URSS, serviram como base para o desenvolvimento do crime organizado e daquilo que se costumou chamar de máfia russa. Estima-se que mais de 8 mil grupos criminosos controlem cerca 40% da riqueza do país. Grande parte dos grupos é liderada por ex-funcionários da KGB ou militares do extinto Exército Vermelho. Assim fica fácil entender as semelhanças entre a máfia e a polícia secreta soviética.

O herói russo
Richard Sorge nasceu em 1895 em Baku, hoje capital do Azerbaijão. Mudou-se com a família para a Alemanha e tornou-se jornalista. Com convicções socialistas desde cedo (seu tio havia sido secretário de Karl Marx ), entrou voluntariamente para um batalhão de artilharia na Primeira Guerra. Em 1925 foi para Moscou, filiou-se ao Partido Comunista e, em 1930, foi enviado à China pelo serviço de espionagem do Exército Vermelho. Com reputação de jornalista respeitado, viajou pela Ásia e se aproximou do Japão. Sorge transitava entre os líderes japoneses sem despertar suspeitas. Tanto que se recusou a obedecer uma ordem de Stalin para que retornasse à URSS em 1937. Entre as informações que passou aos soviéticos, uma teve importância fundamental para o andamento da Segunda Guerra: garantiu a Stalin que o Japão não atacaria a URSS, o que permitiu que as tropas soviéticas deixassem a fronteira com o país para se deslocarem para oeste, contendo o avanço dos alemães em Stalingrado. Sorge foi detido em 1941, depois que os japoneses prenderam o jornalista Ozaki Hozumi, seu colaborador. Foi enforcado em 1944 e, 20 anos depois, recebeu o título de Herói da União Soviética.

A agente apaixonada
A professora americana Elizabeth Bentley (1908-1963) teve contato com os ideais socialistas em 1933 quando estudou em Florença, Itália. Quando voltou aos EUA, em 1935, filiou-se ao PC local. Foi trabalhar numa organização italiana que propagava o fascismo nos EUA e pediu para entrar no serviço de espionagem soviético. Logo entrou em contato com Jacob Golos, um imigrante russo cidadão americano e um dos principais nomes da inteligência da URSS. O relacionamento se tornou amoroso e Golos, aos poucos, transferiu algumas de suas atividades para a mulher, como o trânsito de documentos entre os contatos da inteligência soviética em solo americano. O casal montou uma agência de viagem que facilitava a entrada de agentes secretos nos EUA. Depois da morte de Golos, Bentley começou a se desentender com os chefes, em 1943. Enquanto seu assassinato já era planejado, em novembro de 1945, após a Segunda Guerra, ela procurou o FBI e confessou. Entregou o nome de 150 espiões.

O traidor da KGB
A ação de um espião russo do NKVD está intimamente ligada ao início da Guerra Fria. Igor Sergeyevich Gouzenko (1919-1982) era criptógrafo na embaixada soviética em Ottawa, no Canadá. Mas ele desertou e, em setembro de 1945, reuniu 109 documentos e os entregou ao Jornal de Ottawa. A papelada provava a existência de uma rede de espionagem soviética no Canadá. O objetivo era obter informações para roubar tecnologia americana, principalmente sobre a bomba atômica. A URSS havia sido uma aliada importante para a derrota de Hitler e as revelações de Gouzenko serviram para alertar EUA e Canadá sobre as reais intenções dos soviéticos. Ele recebeu nova identidade e cidadania canadense. Em público, só aparecia mascarado.

Os espiões de Cambridge
Ainda nos anos 20 começou um plano do NKVD para infiltrar espiões no serviço de inteligência britânico. Jovens estudantes que seguiriam carreira diplomática ou nos órgãos de segurança e que manifestavam simpatia pelas ideias marxistas eram identificados e recrutados. Membros do Partido Comunista local eram descartados, pois nunca teriam acesso a dados internos do governo. Assim surgiu o grupo conhecido como os Espiões de Cambridge, quatro jovens que por quase 30 anos passaram segredos importantes aos contatos soviéticos na Europa. Guy Burgess (1910-1963), Anthony Blunt (1907-1983), Donald Maclean (1915-1983) e Kim Philby (1912-1988) atuavam no Escritório de Contrainteligência e no Serviço Secreto de Inteligência britânicos e foram responsáveis por revelar os projetos sobre a bomba atômica aos soviéticos. Permitindo o rápido acesso da URSS ao armamento nuclear, quando o presidente americano Harry Truman tinha sobre a mesa um plano de bombardeio a 32 cidades soviéticas, os espiões de Cambridge acabaram ajudando a salvar o mundo de uma catástrofe, já que os EUA desistiram da ideia temendo as consequências igualmente desastrosas.

O playboy sedutor
Em 1958, Oleg Kalugin chegou aos EUA como um estudante de intercâmbio para aprender jornalismo na Universidade de Columbia. Aos 24 anos, filho de um membro da polícia secreta de Stalin e falando alemão, inglês e árabe, além de russo, claro, Kalugin usou e abusou de sua simpatia, charme e de galanteios para circular entre os jovens americanos disseminando os ideais soviéticos. Analisava os nomes do Departamento de Estado e identificava quais poderiam ter alguma tendência esquerdista para se aproximar. Oferecia cerca de mil dólares por boas informações e mantinha estreita relação com funcionários de embaixadas. Descoberto em 1970, voltou para a União Soviética, tornando-se, aos 40 anos, o mais jovem general da história da KGB. Mas em 1990, desiludido, deixou o cargo e passou a criticar o Partido Comunista. Buscou refúgio no país que tinha espionado e conseguiu cidadania americana. É professor no Centro de Estudos de Contrainteligência e Segurança dos EUA. Na Rússia, está condenado a 15 anos de prisão por traição. Mas os americanos não pretendem extraditá-lo.

Médicos sabotadores
Agência manipulou o preconceito contra os judeus

Em 13 de janeiro de 1953, quem abrisse o Pravda, jornal oficial do Partido Comunista, daria de cara com a notícia: professores de medicina do hospital do Kremlin estavam "encurtando a vida de personalidades públicas da União Soviética, através de tratamento incorreto e sabotagem médica". Segundo a historiadora Jutta Petersdorf, da Universidade Livre de Berlim, a notícia se baseava num relatório da KGB. A URSS sofreu, então, uma onda de depredações de consultórios. O relatório da KGB era baseado na denúncia de Lydia Timashuk. A médica acusou um colega de propositalmente interpretar errado o exame cardiológico de um membro do PC para deixá-lo morrer. A acusação originou uma série de investigações da KGB, que, segundo Jutta , costumava incitar o preconceito como instrumento de repressão. "As conclusões dessas diligências vincularam a participação de médicos, em sua maioria judeus, à morte de várias lideranças soviéticas, inclusive Gorki, escritor e dramaturgo, herói do povo russo." O relatório encobria mortes inexplicáveis do período do expurgo stalinista, quando milhares de ex-aliados do ditador sumiram ou morreram misteriosamente.

Bugigangas fatais
Os equipamentos mais esquisitos usados pelos espiões soviéticos

Nem só de espiões e informantes viviam os serviços secretos soviéticos. Cientistas, técnicos e engenheiros trabalhavam no desenvolvimento de armas e equipamentos de escuta discretos e eficientes - como uma pistola em forma de batom, que disparava um único tiro. Conheça alguns deles

Câmera escondida
Na década de 1970, agentes soviéticos levavam minicâmeras escondidas, com a lente em forma de botão falso, para fotografar pessoas perseguidas pelo regime comunista. O mecanismo era acionado dentro do bolso do paletó.

Esconderijos portáteis
As gravações em áudio e vídeo precisavam ser escondidas em algum lugar pequeno e insuspeito. Surgiram, então, as canetas e escovas com buracos capazes de armazenar microfilmes. Mas os objetos mais usados para esse fim eram os maços de cigarro.

Gás mortal
A arma criada em 1950 levava no tambor um frasco com ácido prússico. Se o portador apertasse o gatilho, uma fagulha convertia o ácido em gás cianureto. Quem estivesse por perto morria por intoxicação - se o espião estivesse a ponto de ser pego, poderia se matar e ainda arrastar inimigos com ele.

Guarda-chuva assassino
Em 1978, o escritor dissidente búlgaro Georgi Markov esperava o ônibus em Londres quando sentiu uma dor aguda na perna. Virou-se e viu um homem com um guarda-chuva. Georgi morreu dias depois. Tudo indica que a ponta do guarda-chuva estava envenenada.

Sapato espião
Em 1960, a KGB introduziu um transmissor, um microfone e uma bateria dentro de solas de sapatos para monitorar as conversas de quem os calçava.

Vale tudo
Os golpes mais bizarros da KGB
O conto da espiã gata

Um jovem guarda de segurança do corpo de fuzileiros na embaixada dos Estados Unidos em Moscou, Clayton Lonetree, caiu no que podemos chamar de Conto da Espiã Gata. Acabou seduzido pela bela Violetta Sanni, funcionária da embaixada. Quando o caso já estava quente, eis que surge Sasha, um suposto tio de Violeta, para completar a cilada da KGB. O guarda foi intimado a contar o que acontecia na embaixada americana. Meses depois, respirou aliviado quando foi transferido para Viena, na Áustria. Mas Sasha começou a visitá-lo também lá e passou a oferecer-lhe dinheiro. Em 14 de dezembro de 1986, Clayton confessou. Foi despachado para os EUA e respondeu a um processo militar.

GPS em pó
Certo dia, uma funcionária da CIA em Leningrado encontrou suas luvas cobertas por um pó amarelo. Só depois de um ano apareceu outra amostra da substância, entregue por Sergev Vorontsov, contato infiltrado na KGB. Ele disse que a KGB usava o produto para localizar pessoas. Testes revelaram que o pó era nitrofenilpentadienal, capaz de alterar a estrutura celular se absorvido pela pele. Agentes passaram a recusar trabalho em Moscou. Em 1985, os EUA protestaram formalmente contra o uso do pó.

Tecla que eu te escuto
Em 1984, funcionários da embaixada americana em Moscou foram obrigados a trocar máquinas de escrever por lápis. A KGB estava interceptando as batidas de 13 máquinas IBM instaladas em áreas de segurança da embaixada. As máquinas haviam sido modificadas. Um posto de escuta eletrônica do lado de fora do prédio recebia todas as palavras datilografadas.

Chantagens sexuais
Uma agente da CIA em Berlim, em 1986, preferiu revelar o caso homossexual que tinha com outra agente a colaborar com a KGB. Os soviéticos tentaram chantageá-la com um vídeo recheado de cenas picantes entre ela e a amante.

Sem faxina
Quando os russos prenderam, em Moscou, o jornalista Nicholas Daniloff, em 1985, os americanos ativaram a linha Gravilov, um canal direto entre CIA e KGB para resolver pendências. Ele foi solto, mas EUA e URSS expulsaram diplomatas em protesto. Os russos retiraram 260 funcionários que trabalhavam na limpeza da embaixada dos EUA em Moscou. Os americanos tiveram de se virar para limpar e cozinhar.

Saiba mais

LIVROS

  1. O Grande Inimigo - CIA e KGB, James Risen e Milton Bearden, Objetiva, 2005 (Um jornalista e um ex-agente secreto, ambos americanos, contam a história dos últimos dias de conflito contra os espiões soviéticos).
  2. KGB - The Secret Work of Soviet Secret Agents, John Barron, Reader’s Digest Press, 1974. (Bem antes do fim da KGB, já reunia várias histórias de agentes e situações em que a espionagem ocupou o lugar da diplomacia).
  3. KGB and Soviet Disinformation - An Insider’s View, Ladislav Bittman, Potomac, 1985. (Com grande riqueza de informações de bastidores, o ex-espião soviético descreve ações da agência).

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