domingo, 31 de julho de 2011

A SANTA INQUISIÇÃO

França, Orleans, 1022. Para quem considerava a Igreja dispensável e acreditava que o Reino de Deus estaria no coração de cada um, foi dado um recado: organizou-se ali o primeiro grande Tribunal Público Medieval contra a heresia. Nas temidas cortes da Inquisição, a acusação era sinônimo de condenação e a condenação uma sentença de morte das mais variadas; flageladas e mutiladas pelos torturadores, a carne dilacerada e os ossos quebrados, as vítimas confessavam coisas absurdas; os que tivessem sorte seriam decapitados ou mortos de maneira relativamente mais humana; os azarados, queimados vivos e em fogueira de madeira verde para que a agonia se prolongasse. Os inquisidores estavam ali enquanto o fogo martirizava a vítima, e incitavam-na, piedosamente, a aceitar os ensinamentos da "Igreja" em cujo nome ela estava sendo tratada tão "misericordiosamente". Para que houvesse um contraste com a tortura pelo fogo, também praticavam a da água: “Amarrando as mãos e os pés do prisioneiro com uma corda trancada que lhe penetrava nas carnes e nos tendões, abriam a boca da vítima a força despejando dentro dela água até que chegasse ao ponto de sufocação ou confissão...” Foi uma verdadeira passagem de terror, que durou aproximadamente 300 anos ceifando a vida de milhares de inocentes que não tiveram nem a opção de lutar pela sua própria liberdade de expressão. Esse frenesi de ódio e homicídio alastrou-se como fogo em diversos lugares incendiando a vida civilizada; França, Itália, Alemanha, Espanha, Países Baixos, Inglaterra, e por um breve período, saltaria o Atlântico inflamando até o Novo Mundo.

domingo, 24 de julho de 2011

ATENÇÃO, GALERA!!! NÃO PERCAM!!!

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DIA 13 DE AGOSTO
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sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Período Pré-Colonial

Pré-colonial é o período da História do Brasil que vai da chegada da esquadra de Pedro Álvares Cabral em 1500, até o início da colonização do Brasil com a expedição de Martim Afonso de Souza em 1530.

Os primeiros trinta anos:

Durante os primeiros trinta anos (1500 a 1530), Portugal demonstrou pouco interesse em colonizar o Brasil. Limitou-se ao envio de expedições de reconhecimento e defesa, fundação de feitorias, exploração do pau-brasil e a prática do escambo com os índios.

Nesse período, o principal interesse de Portugal era com o lucrativo comércio das especiarias orientais. Portugal comerciava ouro, marfim, sal e escravos, com a África e especiarias e produtos de luxo com as Índias Orientais. Já as perspectivas econômicas em relação ao Brasil não eram boas; de início, os portugueses não encontraram metais preciosos, a única riqueza de fácil exploração era o pau-brasil (caesalpina echinata). Havia em nosso litoral grande quantidade de pau-brasil, uma madeira da qual se extraía uma tinta corante para tingir tecidos, também usada na fabricação de móveis e remédios, muito procurada pelos europeus. Porém, o lucro conseguido com a exploração dessa madeira, era menor do que as vantagens com a comercialização dos produtos africanos e asiáticos.

Em 1501, Portugal enviou a primeira expedição exploradora, para fazer um reconhecimento geográfico e econômico da terra. Sob o comando de Gaspar de Lemos essa expedição confirmou a ausência de metais preciosos. Portugal permitiu então que a exploração do pau-brasil fosse feita por um grupo de mercadores de Lisboa, sob a forma de arrendamento por um prazo de três anos. A exploração do pau-brasil era monopólio da Coroa portuguesa e, portanto, os comerciantes precisavam da autorização do rei. O primeiro comerciante português a receber o monopólio da extração e comercialização do pau-brasil foi Fernão de Noronha, em 1502. O comerciante arrendatário era obrigado a enviar anualmente uma expedição de seis navios e a estabelecer feitorias fortificadas no litoral.

Fernão de Noronha financiou a segunda expedição exploradora, sob o comando de Gonçalo Coelho, em 1503. Essa expedição chegou à Ilha de São João, hoje chamada de Fernando de Noronha. Américo Vespúcio experiente navegador, e um dos componentes dessa expedição, fundou uma feitoria em Cabo Frio (RJ) e organizou a primeira entrada ao interior do Brasil. Esta expedição proporcionou certo lucro à companhia arrendatária e a Portugal, mas o grupo arrendatário não conseguiu proteger o litoral, que era constantemente atacado por estrangeiros, principalmente corsários franceses.

A extração do pau-brasil foi executada do litoral de Angra dos Reis até o litoral do Nordeste e tornou-se a principal atividade econômica do período pré-colonial.

Chamada de Ibirapitanga pelos índios e de pau-brasil pelos europeus. Essa madeira já era utilizada pelos índios na produção de seus arcos e flechas e na pintura de enfeites, antes mesmo da chegada dos portugueses. Delas era extraída uma tinta vermelha, utilizada no tingimento de tecidos, de considerável valor comercial, e a madeira era usada na marcenaria e carpintaria. A comercialização do pau-brasil, cuja margem de lucro era considerável, despertou o interesse dos europeus, não só dos portugueses como também dos ingleses e franceses, que passaram a fazer incursões no nosso litoral.

A exploração do pau-brasil era feita de forma rudimentar e predatória, o que colaborou para a destruição de grande parte das florestas litorâneas.

Os europeus, ao chegarem ao Brasil, aportavam em um ponto abrigado e fundavam uma feitoria onde o pau-brasil era armazenado até o momento de ser levado para a Europa. Como essas feitorias eram temporárias, porque o desgaste das matas obrigava os traficantes a abandoná-las e construírem novas em outro ponto do litoral, nenhum núcleo estável de povoamento era formado. Para reduzir os gastos da exploração, foi utilizado o trabalho indígena no corte e transporte do pau-brasil. Em troca de colares, peças de vestuário, pentes, espelhos, etc. além de machados de ferro e serras, os indígenas cortavam as árvores e as levavam até o porto de embarque. Esse tipo de troca é denominado de escambo.

Portanto, no período pré-colonizador, o interesse de Portugal pelo Brasil resumiu-se a algumas expedições marítimas, com o objetivo de preservar a posse da terra em nome do rei de Portugal e combater invasores estrangeiros, principalmente espanhóis e franceses e promover o reconhecimento geográfico do litoral brasileiro.

Principais expedições marítimas portuguesas enviadas ao Brasil durante o período pré-colonial:

Expedições exploradoras:

Expedição comandada por Gaspar de Lemos, em 1501: explorou grande parte do litoral brasileiro, deu nomes aos principais acidentes geográficos que foi encontrando, entre eles; o cabo de São Roque, cabo de Santo Agostinho, baía de Todos os Santos, cabo de São Tomé, e constatou a presença de florestas de pau-brasil em nosso litoral.

Expedição comandada por Gonçalo Coelho, em 1503: organizada em função de contrato entre o rei de Portugal e um grupo de comerciantes interessados na exploração do pau-brasil. Dentre os comerciantes destacava-se Fernão de Noronha.

Expedições guarda-costas:

Para garantir a defesa da terra, Portugal enviou as expedições guarda-costas. A primeira em 1516 e a segunda, em 1526, ambas comandadas por Cristóvão Jacques, com o objetivo de impedir o contrabando do pau-brasil, que era feito por outros comerciantes europeus, especialmente os franceses. Mas a grande extensão do litoral brasileiro dificultava o policiamento, e as expedições guarda-costas não conseguiram impedir o contrabando. Por isso Cristóvão Jacques notificou ao rei que esse sistema não dava bons resultados.

Com o resultado negativo das expedições guarda-costas, as notícias sobre as descobertas de minas de ouro e prata nas colônias espanholas e o declínio do monopólio português das especiarias a partir de 1530, a Coroa portuguesa decidiu-se pela colonização do Brasil.

Além disso, o Brasil não estava definitivamente inserido nos domínios portugueses e a Coroa corria o risco de perdê-lo a qualquer momento. A única maneira de Portugal assegurar a posse da terra seria tomar medidas efetivas de colonização.

Fontes consultadas:

Arruda, José Jobson de A. e Piletti, Nelson - Toda História - História Geral e do Brasil, Editora Ática, 13ª edição, SP, 2007.
Saga - A Grande História do Brasil. Colônia 1500-1640. Vol. 1, São Paulo, 1º edição, Abril Cultural, 1981.









quarta-feira, 20 de julho de 2011

CURIOSIDADES HISTÓRICAS

Os nomes do Brasil


O Brasil já teve oito nomes antes do atual: Pindorama (nome dado pelos indígenas); Ilha de Vera Cruz, em 1500; Terra Nova em 1501; Terra dos Papagaios, em 1501; Terra de Vera Cruz, em 1503; Terra de Santa Cruz, em 1503; Terra Santa Cruz do Brasil, em 1505; Terra do Brasil, em 1505; e finalmente Brasil, desde 1527.
Por que Brasil?
O Brasil recebeu este nome porque nos primeiros anos de sua colonização era extraída das matas na costa brasileira a madeira chamada pau-brasil. Ela era usada para tingir tecidos e a cor que produzia era a cor da brasa.

domingo, 17 de julho de 2011

O Mistério dos Geoglifos


O Mistério dos Geoglifos
Brenna Amâncio

O Simpósio Internacional que aconteceu na Biblioteca da Floresta, nos dias 21 e 22 de julho, trouxe para o debate questões da arqueologia regional que há muitos anos levantam dúvidas. Com o tema Arqueologia da Amazônia Ocidental: Perspectivas Interdisciplinares, o evento atraiu diversos pesquisadores internacionais, além de estudiosos e curiosos.

O assunto geoglifos ainda é muito discutido quando o foco é sua origem e função. Eles são sítios arqueológicos monumentais, cujas figuras somente são bem percebidas se vistas do alto.

Os geoglifos encontrados na parte ocidental da Amazônia, por uma vasta região que engloba o leste do Acre, o sul do Amazonas, oeste de Rondônia e norte da Bolívia, são áreas abertas cercadas por valetas contínuas e muretas de terra, de formatos perfeitamente geométricos. São círculos, retângulos, hexágonos, octógonos e outras figuras de grandes dimensões, possivelmente feitas por populações indígenas que ali viveram por volta do início da era Cristã.

No Acre, esses sítios arqueológicos ocorrem principalmente entre os rios Acre, Iquiri e Abunã (esse último faz fronteira com a Bolívia), todos formadores do alto rio Purus. Um dos municípios com maior incidência de geoglifos é Capixaba: são 49 sítios.

Os geoglifos do Acre foram descobertos em 1977 por uma equipe de pesquisadores durante um inventário, coordenado por Ondemar Ferreira Dias Júnior (UFRJ), do Programa Nacional de Pesquisas Arqueologias da Bacia Amazônica (PRONABA).

De acordo com os resultados de incansáveis estudos dos pesquisadores, acredita-se que os geoglifos representam uma técnica construtiva de espaços destinados a diversos fins que podem ter sido: aldeias fortificadas, locais de encontro ou locais para realização de festas e rituais. E tal como a atual sociedade, que constrói prédios para abrigar diferentes tipos de atividades – casas, igrejas, shopping centers – usando determinadas técnicas de construção, assim eram as estruturas de terra: edificações padronizadas destinadas a atender a diferentes propósitos sociais.

A importância desses sítios é evidente, pois o trabalho envolvido em sua construção, por parte de grupos indígenas que ali viveram há cerca de dois mil anos, sem a ajuda de equipamentos modernos para escavar e transportar toneladas de solo, indica que teria sido necessário um esforço coordenado de muitos braços, com planejamento esmiuçador.

O estudo dos geoglifos pode trazer informações importantes sobre os antigos habitantes dessa região, sobre como viviam, quantos eram, como se organizavam, e ajudar a entender melhor o processo de formação das paisagens no estado.

A pesquisadora da Universidade Federal do Pará Denise Schaan, do Grupo de Pesquisa Geoglifos da Amazônia Ocidental, expôs em sua palestra alguns resultados do levantamento regional destes sítios no Estado do Acre. Ela revela, por exemplo, que a maioria dos geoglifos varia entre 70 e 120 metros, e que foram construídos seguindo uma determinada técnica, ou seja, existia uma unidade de construção mesmo dos sítios mais distantes.

As pesquisas realizadas na tentativa de desvendar a origem e funções dos geoglifos envolvem uma grande equipe interdisciplinar que analisa os mais diversos aspectos destes sítios. No entanto, como avaliou a pesquisadora finlandesa Sanna Saunaluoma, da Universidade de Helsinque, apesar de já terem chegado a algumas respostas, os estudos têm levado os pesquisadores a encontrarem ainda mais perguntas.





quinta-feira, 14 de julho de 2011

LISTA DE DISCUSSÃO - 8º ANO

Alunos do 8º ano "A" da Escola Santo Izidoro realizaram uma atividade com o recurso do PROJETO UCA (Um Computador por Aluno). Recurso esse que trouxe uma nova maneira de ministrar aulas, ou seja, os alunos passaram a demonstrar mais interesse em construir sua aprendizagem, de forma autônoma e crítica. Com o auxílio do recurso citado, a professora de História solicitou que os mesmos participassem de uma Lista de Discussão sobre um artigo que aborda a temática “ILUMINISMO”. Visando uma opinião crítica a respeito do assunto, a professora pediu que os alunos fizessem a leitura de um artigo atual que aborda a Declaração dos Direitos Humanos e enviassem para o e-mail de História historiacre@gmail.com, suas considerações fazendo um paralelo com a temática.

CONFIRA ALGUMAS CONSIDERAÇÕES:

2011/7/5 Manúh Hoffmann


Os Ideais Iluministas dos Dias Atuais


"Tem a coragem de te Servires do teu proprio entendimentoo! Eis a palavra de ordem do iluminismo." Por essa frase, dar de perceber que uma principal caracteristica do Iluminismo era o pensamento livre, ou seja, o esclarecimento. O Iluminismo é um movimento que caracteriza-se no incentivo de liberdade aos pensamentos, e que varias dessas ideias foram responsavel pelo surgimento da nossa sociedade atual. E essas contribuiram para a educação do direito de todos e também os direitos civis: a liberdade, a propriedade, a privacidade e a igualdade que naun deixa que ocorra a descriminação.O Poder é divididoem todo o Estadoo: legislativo, executivo e o judiciario. Os filosófos tinha uma preocupação, que era levar a luz da razão aos individuos. O progresso, a razão e a liberdade se resume nos dias de hoje ao poder econômico do individuo e uma nação. Uma boa parte dos princípios iluministas foram necessarios para o homem dos dias atuais podesse mostrar sua liberdade de pensamentos.


giovanna beiruth giovannabeiruth@gmail.com 4 jul (11 dias atrás)
 
Eu entendi que o iluminismo trouxe muitas coisas boas para as pessoas daquele seculo, e as pessoas de hoje em dia. antigamente as pessoas nao podiam expresar suas ideias mas foi criado o iluminismo e assim as pessoas começara a expresar seus pensamentos, acredita-se que o iluminismo interferio na sociedade em que hoje vivemos sendo que alguns principios do movimento ainda nao foram alcansados e que entre varias contribuiçoes que ajudaram pra a fornaçao da nossa sociedade é descutivel; o direito de educaçao para todos os direitos civis a igualdade e a teoria da separaçao dos tres podere, legislativo, executivo e judiciario. Os pensadores que defendiam os iluministas diziam que o pensamento racional das pessoas deveria substituir as crenças religiosas. Mesmo assim os iluministas defendiam que as pessoas expresar seus pensamentos. A principal ideia dos iluministas nao foi alcançada era a ideia que todos tinham que ter direitos iguais porque enquanto aquelas pessoas ricas enrriquesem cada vez mais a maior parte da populaçao sofre com fome. Os principios iluministas foram fundamentais para que as pessoas da nossa sociedade de hoje enfim pudessem exercer sua liberdade de pensamentos.

Em 30 de junho de 2011 18:34, Vitoria Fernandes escreveu:


O iluminismo fez uma mudança significativa na mente das pessoas
daquele seculo, e no nosso cotidiano.
No seculo XVIII as pessoas não podiam expresar suas ideias, o Iluminismo veio pra mudar isso. Acredita-se que o Ilumismo deu apoio para a sociedade que hoje vivemos, alguns dos principios que os pensadores iluministas defendiam ainda nao foram alcançados. Os pensadores que defendiam esse movimento, diziam que:"O PENSAMENTO RACIONAL DAS PESSOAS DEVERIAM SUBSTITUIR AS CRENÇAS RELIGIOSAS".
Os ideais iluministas eram que as pessoas deveriam expresar seus pensamentos acima de tudo, algumas das propostas desse movimento não foram alcançadas, como o direito a igualdade social entre todos. Mas outros foram alcançados como, o direito a educação de qualidade/ a separação dos três poderes/ direitos civis/ etc. Esse movimento ajudou nossa sociedade a igualar seus direitos e deveres ( apesar de muitosa não praticaram isso), de termos liberdade de expresão e livre arbitrio, para fazermos nossas proprias escolhas.


domingo, 10 de julho de 2011

Múmias Incas são encontradas em favela no Peru

Moradores de uma aldeia na periferia de Lima e cientistas descobrem um cemitério com séculos de idade - e tratam de salvá-lo, antes que as múmias sejam destruídas.
Na favela chamada Tupac Amaru, que se espalha por uma vasta área na periferia de Lima, as crianças brincam na poeira milenar. Debaixo de seus pés, conservado pelo solo seco, está um dos maiores cemitérios Incas já encontrados no Peru. Este sítio pré-hispânico, chamado Puruchuco-Huaquerones, data de uma época marcada pela colonização espanhola e conhecida como Horizonte Tardio (1438-1532).

Só no pátio da escola, uma das 15 áreas examinadas em três anos, salvamos mais de 120 fardos de múmia (um fardo contém ou mais corpos envoltos em camadas de tecido e algodão, juntamente com seus objetos pessoais), típicos dos enterros incaicos e pré-incaicos.

A história da favela de Tupac Amaru é comum no Peru. Em 1989 cerca de 340 famílias, fugindo da guerrilha nas montanhas, se assentaram nesta área. Ludibriados por vigaristas, , acreditavam que em breve receberiam os títulos de suas propriedades.


Enquanto isso, 2 metros abaixo do solo, sem defesa contra o repentino fluxo de água e esgoto vindo da nova favela, as múmias começaram a se decompor. Alguns moradores da favela desenterraram as múmias e as queimaram, tentando evitar uma escavação arqueológica que poderia atrasar a urbanização do novo assentamento já em curso.

Embora o local tenha sofrido muitos danos nos anos seguintes, o Instituto Nacional de Cultura (INC) do Peru por fim solicitou uma avaliação arqueológica na área. Cheguei de Lima em 1999, trazendo minhas ferramentas e minha equipe. Para evitar que o governo os transferisse para outras áreas, os moradores locais (na época m,ais de 1240 famílias) resolveram suspender a terraplanagem e até coletar o dinheiro para ajudar a financiar nosso trabalho. Com isso, esperavam que o governo lhe reconhecesse os títulos de propriedades de terra.

Em três estações de escavação conseguimos retirar, examinar e fotografar mais de 2,2 mil indivíduos de todas as idades e classes sociais, enterrados ao longo de um período de 75 anos. Puruchuco, com seus 8 hectares, é o segundo maior cemitério já escavado no Peru (o maior é Ancón). Esses tesouros culturais serão futuramente exibidos em um museu local.

Enquanto mergulhamos no passado, e vida em Tupac Amaru prossegue com sua animação habitual. As crianças brincam no solo sagrado, correndo entre muretas das nossas escavações e espiando o túmulo de algum antigo morto que "engoliu" sua bola de futebol. Alguns acreditam que o espírito dos mortos causou uma onda de doenças por aqui, inclusive a minha tosse renitente. Mesmo assim, muitos dizem que se sentem emocionados ao ver com os próprios olhos os que caminharam sobre suas terras em épocas passadas.

Segredos sob o pátio escolar
Um morador prepara um grande fardo com uma múmia, nunca antes perturbada, para ser retirado da escavação arqueológica no pátio escolar. Foram necessários 4 homens para levantar o fardo túmulo. O pes total é de 175 quilos. Em aspanhol chamamos esses fardos de falsas, por terem em cima uma imitação de cabeça (de tecido com enchimento em algodão). Um adorno com penas, sinal de elevado status do morto, continua preso à cabeça de uma múmia encontrada na proximidades. Uma estrela de cobre, desenterrada ao sul da escola, adornava o escudo de um guerreiro, feito de bambu e junco. Quem mais ajudou a preservar esses tesouros foram as pessoas que os enterraram, lacrando os túmulos com areia, cascalho e cacos de cerâmica.

Como desembrulhar uma múmia


Uma múmia especial, embrulhada em 135 quilos de algodão cru, ganhou o apelido de "Rei do Algodão". Em geral os Incas envolviam seus nobres em tiras de tecido. Semanas depois de descobri-la, alguns membros da equipe continuavam a examinar o enchimento, à procura de algum objeto quer pudesse estar ali emaranhado. No mesmo fardo havia um bebê, provavelmente um parente do adulto. Ao retirarmos a criança, sobrou um buraco no enchimento. Pelo volume do invólucro e pela variedade de objetos encontrados na múmia, podemos deduzir que o adulto e o bebê pertenciam à elite.

Os Incas acreditavam que as almas mantinham contato com os vivo e, portanto, cuidavam bem dos mortos. O "Rei do Algodão" foi enterrado junto com vários objetos cotidianos (alimentos, cerâmicas, milho para fazer chicha, uma bebida fermentada). Outros objetos demonstram sua elevada posição na sociedade: as penas de aves exóticas em seu adorno de cabeça, que também servia de estilingue, e a clava, que indica ter sido ele um guerreiro poderoso. O que mais revela sua riqueza, porém, são as oferendas de cascas de ostras do tipo Spondylus, importadas do Equador. A pose do homem, assim como o enchimento de algodão, nos deixa intrigados. Em vez de estar em posição fetal, típica dos adultos, ele tinha os joelhos dobrados como se estivesse ajoelhado, e seus dedos dos pés em ponta, como um dançarino. Não sabemos o que isso significa.


O DNA extraído de seus ossos deve revelar se os mortos são pai e filho. Já chegamos a encontrar até sete corpos no mesmo invólucro. Este continha apenas dois.

A cabeça falsa caracteriza os fardos desenterrados em Puruchuco. Alguns usavam mascaras ou peruca, mas o rosto falso era sempre deixado em branco.

Preparados para o além
As mão do "Rei do Algodão" seguram um pedaço de tecido, uma concha e uma bolota feita de cal. Até hoje os habitantes locais mastigam pedacinhos de cal junto com coca, para extrair delas a substância estimulante. A múmia foi limpa, retratada e separada do invólucro de algodão e da maior parte dos 170 objetos que a acompanhavam. Entre eles encontramos milho, amendoim, batatas, feijões e uma cabaça cheia de pó de cal; Tupus, ou alfinetes feitos de prata e de cobre; e ainda um pente de madeira e pinças de prata, já negras pela corrosão. Uma figura ainda enfeita a alça de um vaso de cerâmica.






Tecidos para a eternidade
Os tecelões peruanos eram mestres da elegância. Um elaborado adorno de cabeça tem penas de pássaros importadas e desenhos de peixes, duas abas para as orelhas e uma longa faixa que caía pelas costas, mostrando que pertencia a alguém de alta posição social.