quarta-feira, 18 de maio de 2011

VIVENCIANDO A HISTÓRIA

A carta é um dos instrumentos mais úteis em situações diversas. É um dos mais antigos meios de comunicação. A mesma apresenta também um duplo valor histórico. De um lado, tem a importância de ser um registro documental, constituindo uma espécie de fonte histórica. De outro, tem o mérito de revelar que a história se faz também a partir de fatos corriqueiros (como o "baile das quatro botas"), protagonizados por pessoas comuns e sem intenções de grandiosidade e heroísmo.
Partindo desta concepção, foi solicitado aos alunos do 9º ano da Escola Santo Izidoro, que produzissem uma carta unindo o conteúdo estudado em sala de aula (História do Acre), imaginando a vida de um seringueiro, o que sentia, como vivia, as angústias etc...Vamos lá turminha, solte a imaginação!!!!

Veja algumas produções:
Seringal João Havelange
Data: 31/06/1902
Minha mãe estou com muita saudades, aqui onde eu estou está muito ruim, pois quando vim pra cá achei que iria ficar rico. Vim atrás da seringueira, às pessoas diziam que ela iria dar muito dinheiro, pois ela dá um leite branco que chamamos de borracha. Então, minha mãe, aqui está muito difícil, pois os bolivianos estão querendo tomar nossas terras do Acre, mas nós estamos lutando para conquistar nossas terras.
Mãe aqui nós dançamos com homens, nossa dança é chamada “dança das quatro botas”, aqui no seringal tem uma mulher, filha do coronel, eu estou paquerando ela, mas seu pai é muito bravo, um dia quando eu estava dançando chegou um homem elegante de roupa branca e levou a filha do coronel, depois disso ela nunca mais voltou dizem que foi o boto que tinha levado a filha do coronel.
Eu vivo na mata tirando o leite da seringueira para fazer borracha, um dia minha mãe eu quase fui comido pela onça, mas eu dei um tiro nela e ela morreu. Mãe um beijo estou com saudades.
                                                            Assinado: Francisco Antônio.
Aluno: Wellington Lopes de Sousa.
Escola: Santo Isidoro 9ºano ´´A´´ nº36

Seringal da borracha
Data 12.08.1887
Tio estou aqui no seringal da borracha. Eu quero te dizer
Que aqui estar muito ruim, porque os turistas querem extrair à borracha daqui para levar para outros países, para pesquisa, porque eles descobriram que a borracha daqui é muito valiosa, mas nós estamos se reunindo para impedir que eles levem a borracha, ou seja, o látex.
Mais eles vieram com ferramenta mais adequada e extraíram o látex e levaram para os Estados Unidos, lá eles descobriram que o látex valia muito dinheiro.
Nós aqui trabalhamos muito; a gente vende, mas o dinheiro só dá pra pagar a mercadoria que eu comprei.
Aqui a gente sai de manhã cedo, mas com muito medo porque há muitas onças que devoram a gente o único modo de ver é com uma lamparina na cabeça e para se defender só um machado. Muitas pessoas já morreram aqui por onça e tem muitos turista querendo pesquisar sobre a borracha.
Falando dos Estados Unidos eles levaram a borracha e agora com a borracha estão fazendo pneus, sandálias etc...
Feito por: Tulio
Número: 35.

SERINGAL OCO DO MUNDO
Data:17/08/1902
    Querida mãezinha estou com muitas saudades da senhora, quero lhe dizer que eu estou bem, as coisas aqui vão difícil, mas todo dia antes de dormir peço a DEUS que me dê forças para conseguir viver mais.
    Mãe, eu saio de madrugada para corta seringa, devido ser muito longe e os animais ferozes, como onça, entre outros. Eu trabalho muito para conseguir alimentos, estou devendo muito no barracão, por isso tenho que trabalhar dobrado, senão o senhor manda me matar.
    Mas, eu vou conseguir pagar, é eu sei que um dia eu vou morar com a senhora, com toda minha família, mãe eu tenho uma esposa, duas filhas, e um filho, eu tenho muito orgulho de minha família, meu filho me ajuda com os trabalhos, minha filhas ajudam sua mãe nas coisas de casa.
   Os patrões estão planejando derrubar as seringueiras, mais nós vamos conseguir impedir, não vamos deixar que eles acabem com nossas riquezas naturais.
    Mãe eu encerro por aqui: De seu Filho, Juvenal Batista da Silva.
Assinado:Janaina Santana de Souza.

Seringal Onde a Onça Bebe Água
Oi minha querida, aqui a vida é muito difícil sem você aqui a vida é muito ruim, tem pouco emprego, eu estou dormindo na rua, pois não tenho onde dormi estou passando muita fome mais tudo isso vai valer apena por nós dois.
Sim daqui alguns meses eu vou voltar para te ver, estou com muita saudade.
Meu amor eu vim para cá para dar uma vida melhor para nossos filhos, mas aqui a vida não é como eu pensei, estou devendo muito no barracão, mas não consigo pagar. Eu pensei que eu ia ficar rico, mas não deu certo.
Um beijo depois volto a escrever tchau.
João
Aluno: Kalil

Seringal Leite Branco
Data:09/02/1905
Minha querida esposa, como vão as coisas aí? Como estão os meus filhos, o papai e a mãe? Dizem que aí no Nordeste está uma seca horrorosa né? Vou tentar ganhar dinheiro aqui com a borracha, mais minha queria esposa Rosa, aqui eu não estou tendo lucro na borracha, estou com muito medo de morrer aqui, semana passada uma onça matou um amigo seringueiro.
Aqui a minha casa é no meio do seringal, de noite eu fico com muito medo, saio de madrugada para cortar seringa com muito medo, tem dias que o eu até tiro muito leite, mais quando chove o látex não dá nada.
A nossa diversão aqui é a dança das quatro botas, aonde os homens dançam com outros, acho meio frescurento, mas é o jeito.
Minha preocupação é não voltar para o Nordeste, eu trabalho pra pagar as contas, aí não dá de receber nenhum dinheiro, é totalmente um trabalho escravo, e o ruim é que eu acho que estou com malária, estou preocupado para não morrer, não queria falar isso para preocupa-la, mais tenho que dizer a verdade, se eu não voltar é por causa da malária ou até mesmo ser morto pelas onças, de seu marido,
Paulo da Silva.
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By:Adek Santos

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