No Dia Internacional da Mulher, relembre com os alunos as principais conquistas do movimento feminista. A data pode ser um bom ponto de partida para inserir no seu planejamento algumas aulas para debater as questões de gênero.
We Can Do It! (Nós podemos fazê-lo)A operária Geraldine Hoff serviu
como modelo para J.Howard Miller, que utilizou a imagem como propaganda durante
a Segunda Guerra Mundial. O cartaz converteu-se em um símbolo para as mulheres
que assumiram postos de trabalho em substituição aos homens que serviam às
forças armadas americanas.
O dia 8 de março é um marco na luta pelos
direitos das mulheres ao redor do mundo. Se fosse possível retroceder no tempo
e contar para um cidadão do começo do século 20 que as mulheres, hoje, votam,
tem média de escolaridade maior que a dos homens, governam países e estão
inseridas amplamente no mercado de trabalho, talvez o sujeito não acreditasse
no relato.
No entanto, ainda há muito que avançar para
se alcançar a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Os dados sobre a
opressão sofrida pelas mulheres é assustador. Segundo pesquisa realizada no ano
2000 pela Comission on the
Status of Women da ONU, uma em cada três mulheres no mundo já foi
espancada ou violentada sexualmente.
Os números no Brasil também são alarmantes. A
cada cinco minutos, uma mulher é agredida no país. Em cerca de 70% dos casos,
quem agride é o marido ou namorado, de acordo com relatório do Ministério da
Justiça de 2012.
Os direitos constitucionais ainda não
garantem igualdade de condições para os gêneros. Para entender as diferenças
entre homens e mulheres no mercado de trabalho, por exemplo, a PNAD - Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios, de 2007, diz que a equiparação
de salários só deve acontecer daqui a 87 anos, para mulheres e homens que
executam as mesmas funções. As mulheres, no caso, ganham menos.
"A data de comemoração do dia das
mulheres é simbólica. No entanto, é uma boa maneira de inserir o debate sobre
os direitos das mulheres e colocar o tema na agenda. Por exemplo, é importante
que as políticas públicas permitam a discussão nas escolas sobre igualdade de
condições para os gêneros", afirma Karina Janz Woitowicz, doutora em
Ciências Humanas na área de Estudo de Gênero da Universidade Estadual de Ponta
Grossa (UEPG).
A professora Maria Vilani Cavalcanti Gomes,
especialista em Filosofia Clínica, organiza um grupo de professores na E.E
Professora Adelaide Rosa Machado de Souza , Grajaú, São Paulo, para discutir as
conquistas da mulher com os alunos. O projeto interdisciplinar chamado "O
feminino e seus contextos" pretende trabalhar com a turma o atual papel da
mulher na sociedade, preconceitos de gênero, história da mulher indígena, entre
outros assuntos.
"Esse projeto nasceu nas conversas com
minhas colegas professoras sobre a necessidade de trabalhos escolares que
discutam de maneira mais ampla a questão das lutas femininas e quais são as
suas representantes. Acho importante mostrar para os alunos o protagonismo que
a mulher alcançou a base de muitas lutas", afirma Vilani.
Historicamente, as mulheres foram autorizadas
a frequentar a escola no Brasil apenas em 1827, quando uma lei no período
imperial permitiu-lhes o acesso à Educação. No entanto, a lei garantiu acesso
apenas às escolas elementares.
O movimento feminista mundial surgiu como uma
forma de reivindicar esses e outros direitos. As origens do movimento estão
atreladas aos acontecimentos da década de 1960. Com o surgimento da pílula
anticoncepcional, por exemplo, as mulheres conquistaram liberdade sexual.
Antes, as relações eram estritamente monogâmicas e voltadas para o casamento.
Escritoras como Simone de Beauvoir e Betty Friedan ganharam espaço por buscarem
desconstruir o papel então convencionado para a mulher na sociedade. Um caso
emblemático desse período aconteceu no dia 7 de setembro de 1968, quando
centenas de mulheres protestaram contra os estereótipos femininos e a
"ditadura da beleza". A ideia era fazer uma queima coletiva de
sutiãs, mas elas não concretizaram o plano.
Leia mais Que mulher é
essa?
No Brasil, a autora Céli Regina Pinto, no
livro "Breve história do feminismo no Brasil", descreve duas fases do
movimento no país: "feminismo bem-comportado" e "feminismo
mal-comportado".
Na primeira fase, entre o final de século 19 até o início do século 20, em 1932, as mulheres conquistam o direito de votar. A bióloga Bertha Lutz é a principal articuladora feminista do período. A segunda fase, entendida como "mal-comportada", foi marcada por mobilizações contra a ditadura, quando muitas mulheres brasileiras foram exiladas. Nesse período, as mulheres tiveram uma participação efetiva nas lutas pela democracia, mobilizadas para as causas gerais (fim da ditadura) e para causas específicas (pelo combate à violência doméstica, pela construção de creches para os filhos das trabalhadoras e pelo direito ao aborto).
Na primeira fase, entre o final de século 19 até o início do século 20, em 1932, as mulheres conquistam o direito de votar. A bióloga Bertha Lutz é a principal articuladora feminista do período. A segunda fase, entendida como "mal-comportada", foi marcada por mobilizações contra a ditadura, quando muitas mulheres brasileiras foram exiladas. Nesse período, as mulheres tiveram uma participação efetiva nas lutas pela democracia, mobilizadas para as causas gerais (fim da ditadura) e para causas específicas (pelo combate à violência doméstica, pela construção de creches para os filhos das trabalhadoras e pelo direito ao aborto).
Ao longo das décadas, o Brasil conquistou
muitas vitórias na luta contra a violência domiciliar. Em 1985, foi criada a
primeira delegacia da mulher. Quase dez anos depois, a Lei 11.340, mais
conhecida como Lei Maria da Penha, aumentou o rigor nas punições para violência
doméstica ou familiar. Hoje, agressores de mulheres podem ser presos em
flagrante ou ter prisão preventiva decretada. Além disso, a lei prevê medidas
como a saída do agressor do domicílio e a proibição de sua aproximação da
mulher agredida e dos filhos.
A violência contra as mulheres ainda encontra
apoiadores de forma velada na sociedade ou explicíta em redes sociais. "A
misoginia é muito maior que simples preconceito, é o ódio ao sexo feminino. A
misoginia alimenta a ideia de alguns estereótipos e impede mais conquistas das
mulheres", afirma Luzinete Simões Minella, professora do programa de
Pós-Graduação em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Fonte: Revista Nova Escola
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