sexta-feira, 8 de março de 2013

Os fatos históricos que marcaram as conquistas das mulheres

No Dia Internacional da Mulher, relembre com os alunos as principais conquistas do movimento feminista. A data pode ser um bom ponto de partida para inserir no seu planejamento algumas aulas para debater as questões de gênero.
We Can Do It! (Nós podemos fazê-lo)A operária Geraldine Hoff serviu como modelo para J.Howard Miller, que utilizou a imagem como propaganda durante a Segunda Guerra Mundial. O cartaz converteu-se em um símbolo para as mulheres que assumiram postos de trabalho em substituição aos homens que serviam às forças armadas americanas.
 
 
O dia 8 de março é um marco na luta pelos direitos das mulheres ao redor do mundo. Se fosse possível retroceder no tempo e contar para um cidadão do começo do século 20 que as mulheres, hoje, votam, tem média de escolaridade maior que a dos homens, governam países e estão inseridas amplamente no mercado de trabalho, talvez o sujeito não acreditasse no relato.
No entanto, ainda há muito que avançar para se alcançar a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Os dados sobre a opressão sofrida pelas mulheres é assustador. Segundo pesquisa realizada no ano 2000 pela Comission on the Status of Women da ONU, uma em cada três mulheres no mundo já foi espancada ou violentada sexualmente.
Os números no Brasil também são alarmantes. A cada cinco minutos, uma mulher é agredida no país. Em cerca de 70% dos casos, quem agride é o marido ou namorado, de acordo com relatório do Ministério da Justiça de 2012.
Os direitos constitucionais ainda não garantem igualdade de condições para os gêneros. Para entender as diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho, por exemplo, a PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de 2007, diz que a equiparação de salários só deve acontecer daqui a 87 anos, para mulheres e homens que executam as mesmas funções. As mulheres, no caso, ganham menos.
"A data de comemoração do dia das mulheres é simbólica. No entanto, é uma boa maneira de inserir o debate sobre os direitos das mulheres e colocar o tema na agenda. Por exemplo, é importante que as políticas públicas permitam a discussão nas escolas sobre igualdade de condições para os gêneros", afirma Karina Janz Woitowicz, doutora em Ciências Humanas na área de Estudo de Gênero da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
A professora Maria Vilani Cavalcanti Gomes, especialista em Filosofia Clínica, organiza um grupo de professores na E.E Professora Adelaide Rosa Machado de Souza , Grajaú, São Paulo, para discutir as conquistas da mulher com os alunos. O projeto interdisciplinar chamado "O feminino e seus contextos" pretende trabalhar com a turma o atual papel da mulher na sociedade, preconceitos de gênero, história da mulher indígena, entre outros assuntos.
"Esse projeto nasceu nas conversas com minhas colegas professoras sobre a necessidade de trabalhos escolares que discutam de maneira mais ampla a questão das lutas femininas e quais são as suas representantes. Acho importante mostrar para os alunos o protagonismo que a mulher alcançou a base de muitas lutas", afirma Vilani.
Historicamente, as mulheres foram autorizadas a frequentar a escola no Brasil apenas em 1827, quando uma lei no período imperial permitiu-lhes o acesso à Educação. No entanto, a lei garantiu acesso apenas às escolas elementares.
O movimento feminista mundial surgiu como uma forma de reivindicar esses e outros direitos. As origens do movimento estão atreladas aos acontecimentos da década de 1960. Com o surgimento da pílula anticoncepcional, por exemplo, as mulheres conquistaram liberdade sexual. Antes, as relações eram estritamente monogâmicas e voltadas para o casamento. Escritoras como Simone de Beauvoir e Betty Friedan ganharam espaço por buscarem desconstruir o papel então convencionado para a mulher na sociedade. Um caso emblemático desse período aconteceu no dia 7 de setembro de 1968, quando centenas de mulheres protestaram contra os estereótipos femininos e a "ditadura da beleza". A ideia era fazer uma queima coletiva de sutiãs, mas elas não concretizaram o plano.
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No Brasil, a autora Céli Regina Pinto, no livro "Breve história do feminismo no Brasil", descreve duas fases do movimento no país: "feminismo bem-comportado" e "feminismo mal-comportado".
Na primeira fase, entre o final de século 19 até o início do século 20, em 1932, as mulheres conquistam o direito de votar. A bióloga Bertha Lutz é a principal articuladora feminista do período. A segunda fase, entendida como "mal-comportada", foi marcada por mobilizações contra a ditadura, quando muitas mulheres brasileiras foram exiladas. Nesse período, as mulheres tiveram uma participação efetiva nas lutas pela democracia, mobilizadas para as causas gerais (fim da ditadura) e para causas específicas (pelo combate à violência doméstica, pela construção de creches para os filhos das trabalhadoras e pelo direito ao aborto).
Ao longo das décadas, o Brasil conquistou muitas vitórias na luta contra a violência domiciliar. Em 1985, foi criada a primeira delegacia da mulher. Quase dez anos depois, a Lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha, aumentou o rigor nas punições para violência doméstica ou familiar. Hoje, agressores de mulheres podem ser presos em flagrante ou ter prisão preventiva decretada. Além disso, a lei prevê medidas como a saída do agressor do domicílio e a proibição de sua aproximação da mulher agredida e dos filhos.
A violência contra as mulheres ainda encontra apoiadores de forma velada na sociedade ou explicíta em redes sociais. "A misoginia é muito maior que simples preconceito, é o ódio ao sexo feminino. A misoginia alimenta a ideia de alguns estereótipos e impede mais conquistas das mulheres", afirma Luzinete Simões Minella, professora do programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 
Fonte: Revista Nova Escola
 
 
 
 
 
 

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