Até o final do século XIX, Brasil e Bolívia não tinham demarcado parte de suas fronteiras. Os dois países lutavam pela posse do Acre, rico em seringueiras. Aproveitando-se do clima de animosidade, em 1899 o monarquista espanhol Luiz Rodríguez Galvez de Árias declarou a
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Estrada de ferro Madeira–Mamoré, unindo os trechos navegáveis do rio Madeira, no lado brasileiro, e do Mamoré, no lado boliviano: como se dizia no início do século XX, ligava "o nada a lugar nenhum". |
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independência do território e autoproclamou-se imperador da nova nação. Seu reinado acabou em 1900, quando foi desalojado do poder.
A compra do território
Em 1902, um ano após o Acre ter sido arrendado à organização internacional The Bolivian Syndicate, seringueiros, liderados pelo gaúcho José Plácido de Castro, invadiram a região para explorar o látex, gerando novos conflitos com os bolivianos. A disputa foi solucionada em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis.
Pelo acordo, o Brasil comprou o Acre da Bolívia por 2 milhões de libras esterlinas e comprometeu-se a construir a ferrovia Madeira–Mamoré e a indenizar o The Bolivian Syndicate em 110 mil libras esterlinas. |
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Paisagem Brasileira: Manaus, aquarela de Jacques Burkhardt, 1865. |
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A modernidade na selva
Os trens eram sinônimo de modernidade no início do século XX. A construção da Madeira–Mamoré, projeto iniciado e interrompido por duas vezes (1873 e 1880), foi retomada em 1907, sob a supervisão de engenheiros norte-americanos. Aproximadamente 60 mil homens, de 50 nacionalidades, foram recrutados para construí-la no meio da selva. A estrada de ferro, de 364 km, ficou pronta em 1912, quando começava a crise da produção da borracha.
A "Ferrovia do Diabo"
Cerca de 10 mil trabalhadores morreram de pneumonia, febre amarela, malária ou acidentes, e 30 mil foram internados, durante a construção da ferrovia Madeira–Mamoré, o que levou à afirmação de que cada dormente custara uma vida e rendeu-lhe o apelido de "Ferrovia do Diabo". Ligando "o nada a lugar nenhum", como se dizia na época, a Madeira–Mamoré uniu os trechos navegáveis do rio Madeira, no lado brasileiro, e do Mamoré, no lado boliviano, permitindo a saída dos produtos bolivianos pelo Atlântico. Acompanhando seu leito, surgiram as cidades de Porto Velho e Guajará-Mirim, no atual Estado de Rondônia. Anos mais tarde, a ferrovia foi desativada.
Aquiri, assim o Acre foi chamado inicialmente. Essa foi a forma que os exploradores da região transcreveram do dialeto dos índios Ipurinã a palavra Uwákuru, este território antes pertencente à Bolívia foi aos poucos sendo ocupado por brasileiros.
Assim como aconteceu em São Paulo com os Bandeirantes, que partiram em expedições para o interior nos séculos XVI e XVII, o processo de incorporação do Acre ao Brasil decorreu também do desbravamento de populações que o povoaram e fizeram produtivo.
Até o ano de 1877 os habitantes da região eram índios aculturados, a expansão luso-brasileira ocorrida na Amazônia durante o período colonial, não os havia alcançado, quando imigrantes vindos do Nordeste atraídos pelos altos preços da borracha no mercado internacional e fugindo da seca que os castigava, iniciaram a abertura de seringais, esse fato fez com que a população da bacia do Alto-Purus, aumentasse de cerca de mil habitantes para quatro mil em apenas um ano.
Em 1895 começa a se definir a história do Acre com o encarregamento de uma comissão demarcatória para definir os limites entre Brasil e Bolívia, tendo como base o Tratado de Ayacucho de 1867.
Até o inicio do século XX o território do Acre pertenceu à Bolívia, embora a maioria de sua população fosse formada por brasileiros que exploravam os seringais e não obedeciam às autoridades bolivianas, formando assim um território independente e que passou a exigir a sua anexação ao Brasil.
No processo demarcatória ficou estabelecido que a Bolívia ficaria com uma região ria em látex, que na época era ocupada por brasileiros, posteriormente a Bolívia quis tomar posse da região que era então ocupada por seringueiros brasileiros, os seringueiros não aceitaram e os bolivianos foram obrigados a se retirar da região.
Já em 1899 os bolivianos instituíram a cobrança de impostos, objetivando assegurar o domínio da área, fundaram ainda a cidade de Puerto Alonso, hoje Porto Acre.
A cobrança dos impostos ocasionou vários conflitos que só tiveram fim com a assinatura do Tratado de Petrópolis em 17 de novembro de 1903, no qual o Brasil adquiriu – parte por compra, parte por troca de pequenas áreas do Amazonas e do Mato Grosso – o território do atual Acre.
Também existiram problemas de fronteiras com o Peru, que reivindicava a propriedade de todo o Território do Acre e mais uma área extensa no Estado do Amazonas.
Os peruanos são expulsos das áreas ocupadas em setembro de 1903 e o impasse territorial é resolvido em 8 de setembro de 1909, com base nos títulos brasileiros e nos estudos das comissões mistas que pesquisaram as zonas do Alto-Purus e do Alto-Juruá, o Barão do Rio Branco, então ministro das Relações Exteriores, propôs ao Governo do Peru o acerto de limites. Estabelece-se o Tratado do Rio de Janeiro e completa-se então a integração política do Acre à comunidade brasileira.
A administração do Acre foi unificada a partir do ano de 1920 e passou a ser exercida por um Governador, que era nomeado pelo Presidente da República.
A Constituição de 1934 garantiu o direito ao Território por dois representantes na Câmara dos Deputados.
Em 1957, o Deputado José Guiomard dos Santos, apresenta o projeto que resultou na Lei 4.070, de 15 de junho de 1962, sancionada pelo Presidente da República João Goulart, elevando o território à categoria de estado.
José Augusto de Araújo foi o primeiro governador do Estado do Acre, eleito com mais de 7.000 votos em outubro de 1962.
fonte: ©hjobrasil
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