Pré-colonial é o período da História do Brasil que vai da chegada da esquadra de Pedro Álvares Cabral em 1500, até o início da colonização do Brasil com a expedição de Martim Afonso de Souza em 1530.
Os primeiros trinta anos:
Durante os primeiros trinta anos (1500 a 1530), Portugal demonstrou pouco interesse em colonizar o Brasil. Limitou-se ao envio de expedições de reconhecimento e defesa, fundação de feitorias, exploração do pau-brasil e a prática do escambo com os índios.
Nesse período, o principal interesse de Portugal era com o lucrativo comércio das especiarias orientais. Portugal comerciava ouro, marfim, sal e escravos, com a África e especiarias e produtos de luxo com as Índias Orientais. Já as perspectivas econômicas em relação ao Brasil não eram boas; de início, os portugueses não encontraram metais preciosos, a única riqueza de fácil exploração era o pau-brasil (caesalpina echinata). Havia em nosso litoral grande quantidade de pau-brasil, uma madeira da qual se extraía uma tinta corante para tingir tecidos, também usada na fabricação de móveis e remédios, muito procurada pelos europeus. Porém, o lucro conseguido com a exploração dessa madeira, era menor do que as vantagens com a comercialização dos produtos africanos e asiáticos.
Em 1501, Portugal enviou a primeira expedição exploradora, para fazer um reconhecimento geográfico e econômico da terra. Sob o comando de Gaspar de Lemos essa expedição confirmou a ausência de metais preciosos. Portugal permitiu então que a exploração do pau-brasil fosse feita por um grupo de mercadores de Lisboa, sob a forma de arrendamento por um prazo de três anos. A exploração do pau-brasil era monopólio da Coroa portuguesa e, portanto, os comerciantes precisavam da autorização do rei. O primeiro comerciante português a receber o monopólio da extração e comercialização do pau-brasil foi Fernão de Noronha, em 1502. O comerciante arrendatário era obrigado a enviar anualmente uma expedição de seis navios e a estabelecer feitorias fortificadas no litoral.
Fernão de Noronha financiou a segunda expedição exploradora, sob o comando de Gonçalo Coelho, em 1503. Essa expedição chegou à Ilha de São João, hoje chamada de Fernando de Noronha. Américo Vespúcio experiente navegador, e um dos componentes dessa expedição, fundou uma feitoria em Cabo Frio (RJ) e organizou a primeira entrada ao interior do Brasil. Esta expedição proporcionou certo lucro à companhia arrendatária e a Portugal, mas o grupo arrendatário não conseguiu proteger o litoral, que era constantemente atacado por estrangeiros, principalmente corsários franceses.
A extração do pau-brasil foi executada do litoral de Angra dos Reis até o litoral do Nordeste e tornou-se a principal atividade econômica do período pré-colonial.
Chamada de Ibirapitanga pelos índios e de pau-brasil pelos europeus. Essa madeira já era utilizada pelos índios na produção de seus arcos e flechas e na pintura de enfeites, antes mesmo da chegada dos portugueses. Delas era extraída uma tinta vermelha, utilizada no tingimento de tecidos, de considerável valor comercial, e a madeira era usada na marcenaria e carpintaria. A comercialização do pau-brasil, cuja margem de lucro era considerável, despertou o interesse dos europeus, não só dos portugueses como também dos ingleses e franceses, que passaram a fazer incursões no nosso litoral.
A exploração do pau-brasil era feita de forma rudimentar e predatória, o que colaborou para a destruição de grande parte das florestas litorâneas.
Os europeus, ao chegarem ao Brasil, aportavam em um ponto abrigado e fundavam uma feitoria onde o pau-brasil era armazenado até o momento de ser levado para a Europa. Como essas feitorias eram temporárias, porque o desgaste das matas obrigava os traficantes a abandoná-las e construírem novas em outro ponto do litoral, nenhum núcleo estável de povoamento era formado. Para reduzir os gastos da exploração, foi utilizado o trabalho indígena no corte e transporte do pau-brasil. Em troca de colares, peças de vestuário, pentes, espelhos, etc. além de machados de ferro e serras, os indígenas cortavam as árvores e as levavam até o porto de embarque. Esse tipo de troca é denominado de escambo.
Portanto, no período pré-colonizador, o interesse de Portugal pelo Brasil resumiu-se a algumas expedições marítimas, com o objetivo de preservar a posse da terra em nome do rei de Portugal e combater invasores estrangeiros, principalmente espanhóis e franceses e promover o reconhecimento geográfico do litoral brasileiro.
Principais expedições marítimas portuguesas enviadas ao Brasil durante o período pré-colonial:
Expedições exploradoras:
Expedição comandada por Gaspar de Lemos, em 1501: explorou grande parte do litoral brasileiro, deu nomes aos principais acidentes geográficos que foi encontrando, entre eles; o cabo de São Roque, cabo de Santo Agostinho, baía de Todos os Santos, cabo de São Tomé, e constatou a presença de florestas de pau-brasil em nosso litoral.
Expedição comandada por Gonçalo Coelho, em 1503: organizada em função de contrato entre o rei de Portugal e um grupo de comerciantes interessados na exploração do pau-brasil. Dentre os comerciantes destacava-se Fernão de Noronha.
Expedições guarda-costas:
Para garantir a defesa da terra, Portugal enviou as expedições guarda-costas. A primeira em 1516 e a segunda, em 1526, ambas comandadas por Cristóvão Jacques, com o objetivo de impedir o contrabando do pau-brasil, que era feito por outros comerciantes europeus, especialmente os franceses. Mas a grande extensão do litoral brasileiro dificultava o policiamento, e as expedições guarda-costas não conseguiram impedir o contrabando. Por isso Cristóvão Jacques notificou ao rei que esse sistema não dava bons resultados.
Com o resultado negativo das expedições guarda-costas, as notícias sobre as descobertas de minas de ouro e prata nas colônias espanholas e o declínio do monopólio português das especiarias a partir de 1530, a Coroa portuguesa decidiu-se pela colonização do Brasil.
Além disso, o Brasil não estava definitivamente inserido nos domínios portugueses e a Coroa corria o risco de perdê-lo a qualquer momento. A única maneira de Portugal assegurar a posse da terra seria tomar medidas efetivas de colonização.
Fontes consultadas:
Arruda, José Jobson de A. e Piletti, Nelson - Toda História - História Geral e do Brasil, Editora Ática, 13ª edição, SP, 2007.
Saga - A Grande História do Brasil. Colônia 1500-1640. Vol. 1, São Paulo, 1º edição, Abril Cultural, 1981.
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