Na África, pobre está cada vez mais pobre
Entre 1990 e 2001, a renda da população miserável caiu de 62 para 60 centavos de dólar; número de pessoas na pobreza aumentou
A proporção de pobres na região mais pobre do planeta, a África, aumentou na última década, deixando o continente ainda mais distante de cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio — uma série de metas socioeconômicas que os países da ONU se comprometeram a atingir até 2015, abrangendo áreas como renda, saúde e educação. Um estudo divulgado pela ONU, intitulado Relatório 2005 dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, aponta que na África Subsaariana (região que exclui o norte do continente) 46,4% da população vivia em 2001 com menos de um dólar por dia. Em 1990, eram 44,6%.
Se não bastasse o aumento, essa parcela de miseráveis ficou ainda mais pobre. No período, a renda média diária caiu de 62 centavos para 60 centavos de dólar. Em 2001, a África Subsaariana atingiu uma população de 313 milhões de miseráveis, o que representa um acréscimo de 86 milhões de pessoas em relação a 1990.
De acordo com o relatório, lançado na quinta-feira, o agravamento da pobreza na região africana está ligado a três principais fatores: “cresce o número de pessoas que não conseguem ter oportunidades de emprego, a agricultura está estagnada e a Aids atinge brutalmente as pessoas em seus anos mais produtivos".
Em relação às outras regiões pesquisadas no relatório, a África Subsaariana é a que tem maior porcentagem de pobres em sua população (46,4%). Em seguida, bem mais abaixo, aparece o Sudeste Asiático (29,9%), seguido pelo leste da Ásia (16,6%). No total, aproximadamente um bilhão de pessoas, ou uma em cada seis, vivem abaixo da linha de pobreza no mundo, o que representa um grande desafio no cumprimento dos Objetivos do Milênio, estabelecidos em 2000.
"Em vários sentidos, este ano o desafio será muito maior do que no ano 2000. Em vez de apenas estabelecer objetivos, agora os líderes mundiais precisam definir um plano de ação para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio", comentou o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, em referência à Cúpula de Setembro, que reunirá este ano os líderes mundiais para fazer um balanço parcial sobre o desempenho do mundo nos Objetivos.
América Latina
O relatório da ONU analisou oito regiões. A pobreza teve redução em quatro delas, três na Ásia e a América Latina e o Caribe. Em 1990, a região da América Latina e do Caribe tinha 11,3% de sua população vivendo com menos de um dólar por dia. Onze anos depois, a parcela recuou para 9,5% — uma queda de 15,9%. No mesmo período, a redução no Sudeste Asiático foi maior, de 24,1%, assim como no leste asiático (49,6%) e sul da Ásia e Oceania (47,95%).
A pobreza aumento não só na África Subsaariana, mas também nas ex-repúblicas soviéticas e no Leste Europeu.
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